Cover to cover Vogue Portugal

Não consigo perceber o que se tem passado com a Vogue portuguesa. Neste blog vou tentar sempre destacar os aspectos positivos da nossa industria/comunicação de moda porque normalmente só somos capazes de comunicar o que está mal e o que está bom fica por dizer... Acho que não precisamos de críticas e desvalorizações porque disso já há muito por aí mas desta vez não consigo ficar calada!!! Não consigoooooooooo!

Há alguma nuvem negra por cima dos escritórios da Vogue? Alguma energia negativa ou espírito maléfico do além que justifique capas destas nos meses de Primavera?

Tudo começou com a capa do mês de Maio com a linda Maria Borges envolta em cabedal preto dos pés à cabeça. Huum. Ok. Na altura, meados de Abril, ainda não se avistava a Primavera pois chovia a potes mas já estavamos desejosos de cor e calor, já não apetecia andar de preto e camisolas, mas a Vogue achou que nos iamos inspirar para o mês que se seguia ao vermos uma modelo sufocada por cabedal preto... exacto. Tentei desvalorizar aquela opção pensando para os meus botões que eles na próxima capa redimiam-se, pois mas isso não aconteceu. Fizeram pior. Junho lembra mesmo uma modelo platinada e branca que nem cal, um fundo mesmo cinzentão, uma roupa em tons nude com apontamentos metálicos. Já todos percebemos que os metálicos se vão usar no Verão mas há certamente maneiras mais interessantes de integrar a tendência na estação.

Quem abre a revista e vê o editorial  "Amazona", com fotografia de Rui Aguiar e realização de Paulo Macedo, se não soubesse que já estão 24 graus lá fora e já há muita gente morena na rua inveja nunca desconfiaria que aquela era a edição de Junho de uma revista de moda. Atenção, não estou a criticar o editorial que está muito bom e é Made in Portugal, estou só a expressar a minha insatisfação pela desilusão que é comprar uma revista e não ver cor, não me sentir inspirada... é isso que quero da Vogue, é isso que todos procuramos.

Ora, vejam:

Já sinto a neura a tomar conta de mim quando olho para estas capas, além de que quem trata da paginação podia tentar não voltar a usar o vermelho, o azul e o cinzento. Acho que podem estar a sofrer de short term memory loss e por isso não se lembraram da capa anterior e repetiram tudo, se for esse o caso desejo as melhoras.

Vamos comparar com capas da Vogue de Junho de outros países para tirar as teimas.

Vogue Holandesa - Vogue Japonesa - Vogue Uk

Finalmente, para não terminar numa nota negativa, se procuram uma fonte de inspiração para o resto da Primavera e Verão vejam a Elle... é verdade que apenas fazem reimpressão de editorias de outras revistas da Elle mas ao menos têm o que procuro.

Não vou comprar só porque é português, vou comprar o que é mais apelativo e as revistas portuguesas têm que entender isso. Não basta fazer em Portugal e usar fotógrafos e criadores portugueses, todos sabemos que conseguimos fazer tão bem ou melhor do que o que se faz lá fora mas temos que efectivamente o fazer. Não chega apelar aos consumidores para apostarem no produto nacional porque nós somos espertinhos e temos padrõezinhos, apostamos com todo o gosto mas o produto português tem que corresponder, tem que estar à altura.